O Despertar Sporting Clube nasceu da fusão do “Libertário” e do “Infantil”, operada em 24 de Junho de 1920. Estes dois grupos, ambos sem sede, eram constituídos por rapazes dos 13 aos 15 anos, quase todos operários. Reuniam-se, de tarde e de noite, junto a um candeeiro de iluminação pública (a petróleo) que existia na hoje Rua Fialho de Almeida, defronte de uma casa popularmente conhecida pela estalagem da “Bárbara Meneses”.
Nas suas constantes e entusiásticas trocas de impressões, chegaram à conclusão que a fusão dos dois grupos possibilitaria a criação de um clube com recursos suficientes para desenvolver a prática do desporto, em especial o futebol, no meio operário e, simultaneamente, abrir mais largas perspectivas à vida desportiva da cidade.
Decidiram-se por isso pela fusão, adoptando para a nova colectividade um nome –“DESPERTAR”- que era bastante significativo quanto às intenções dos promotores da iniciativa. O resto do título do clube e a escolha do emblema obedeceram a um “ARRANJO DIPLOMÁTICO”.... É que os fundadores estavam divididos quanto às suas simpatias pelo Benfica e pelo Sporting Clube de Portugal, colectividades que nessa altura já se impunham grandemente às predilecções dos desportistas da Província...
Tornou-se por isso necessário contentar uns e outros para que, logo de início, não surgissem descontentamentos e dissidências. A solução foi introduzir a
palavra “Sporting” no nome completo do clube e encimar o emblema por duas asas de águia, a marcar a homenagem ao “Benfica”.... Anos depois, a águia completa foi adoptada oficialmente como adorno do emblema.
A escolha das cores do equipamento tornou-se muito mais fácil, sendo feita por unanimidade: adoptaram-se o encarnado e preto, as cores representativas da cidade.
Como, porém, eram também essas as cores do “Luso”, foi preciso dar ás camisolas um dispositivo diferente (aos quartos encarnados e pretos) e escolher o branco para os calções. O pior é que não havia dinheiro para a compra do equipamento, que só foi adquirido no segundo ano da existência do clube e mesmo assim á custa de cada um dos jogadores.
Nos primeiros treinos e jogos foram utilizadas vulgares camisolas interiores, brancas.
O actual modelo de camisolas, ás listas verticais vermelhas e negras, só foi adoptado em 1933.
Um ano após a fundação do clube, um grupo de jogadores mais influentes convidou para as funções de presidente ( lugar que não existia até então) Manuel Gonçalves Peladinho, que recentemente regressara de Lisboa. O convite foi aceite mas como era regra do clube só ter sócios jogadores, Manuel Peladinho teve que praticar o futebol de verdade, inscrevendo-se como jogador de 2ª categoria.
Apesar de o clube não ter sede, conseguiu dar-lhe uma apreciável organização e um nítido progresso, tornando-o numa agremiação de características
essencialmente populares.
Só em 1924, quatro anos após a sua fundação, o clube conseguiu uma sede. Uma antiga vacaria, situada próximo ao edifício “Montepio” e no local hoje ocupado pela nova Rua Frei Amador Arrais. Eram umas instalações precárias e a sua modéstia granjeou-lhe a designação popular de «Pêga Azul». Apesar disso o «Despertar» nela se manteve por muito tempo, abandonando-a quando a construção da citada Rua obrigou á
demolição dos prédios ali existentes.
Em 16 de Junho reuniu pela primeira vez a Assembleia Geral.
Ao longo dos seus noventa anos, além do futebol, passaram pelo clube várias modalidades, nomeadamente:
Ciclismo, Hóquei em patins, Atletismo, Voleibol, Natação, Basquetebol, Secção Cultural, etc.
Actualmente, além do futebol, com 9 equipas de formação e cerca de 50 alunos de pré-escolas, existem as Secções de Campismo, Xadrez, Cultural e BTT.
Assim e no seu todo o Despertar Sporting Clube, movimenta actualmente mais de 250 atletas, razão pela qual lhe foi concedido o Estatuto de Utilidade Pública Desportiva.